quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Bahia: ai vou eu!

Domingão de sol, Rio de Janeiro. Mala arrumada, banho tomado e uma vida inteira(de pouco tempo, admito) sendo deixada pra trás. A sensação que eu tenho é muito estranha na verdade. Ao mesmo tempo em que fico muito feliz por deixar tudo isso e caminhar rumo a uma vida de mais liberdade, fico um pouco triste por deixar o lugar que morei durante tanto tempo. Tive muita tristeza no Rio de Janeiro, mas também tive alegrias de montão. Curti, zuei, aproveitei tudo o que a cidade maravilhosa tinha para me dar, talvez tenha aproveitado até demais. Tive muitas desilusões aqui, mas também muitas ilusões que não deveriam ter passado nunca. A ilusão do primeiro amor, de uma vida melhor, de poder oferecer alguma coisa para a minha família, enfim, muita coisa que eu continuo sonhando e que ainda não desisti.

No Rio eu vivi as melhores e as piores fases da minha vida. Conheci muita coisa boa, mas muita coisa ruim também. Vi meninas novas, muito novas, trocando suas vidas, seus corpos por R$ 2, R$ 3, às vezes apenas por drogas, para sustentar seus vícios.  Eu também me aproveitava disso, por isso me sinto culpada também. Às vezes até mais culpada do que os meninos da boca, às vezes menos culpada. Às vezes acho que sou um pouco de vitima da vida que eu levava, mas a culpa não sai de mim em momento nenhum, a verdade é essa.

Quando a minha melhor amiga, uma boqueteira chamada Eva, foi assassinada, parecia que meu mundo tinha acabado. Não tinha pra onde ir, não tinha dinheiro, os filhos dela tinham ficado órfãos e tudo o que eu mais queria era um buraco para me enfiar e não sair dali nunca mais. Foi na pior fase da minha vida que conheci as pessoas que mais me ajudaram e foi também quando eu voltei a acreditar no ser humano.  Fui morar na casa de uma amiga minha e vi pessoas que nem me conheciam fazendo de tudo para me ajudar, se virando nos 30 para me dar oportunidades. De continuar viva e pensando em o que podiam fazer para me salvar, acho que salvar é a palavra certa mesmo, pois é exatamente o que eu precisava naquele momento. Consegui. Comecei a fazer análise com um psicólogo, ganhei computador, acesso a internet, até twitter eu tenho agora, e muita gente lê o meu blog, quem diria! Quero agradecer mais uma vez a todo mundo que me ajudou, meus verdadeiros amigos, obrigada mais uma vez.

Mas agora é hora de secar as lágrimas, e aproveitar essa cidade incrível. Aqui eu poderei trabalhar, estudar e ter uma vida normal. É o meu refugio. Quem sabe um dia não volto para o Rio, junto todo mundo e fazemos uma grande festa para relembrar os velhos tempos? Quem sabe um dia...


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