quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Depois da saga de colocar currículo para todos os lugares possíveis aqui de salvador e percorrer todos os shoppings, restaurantes e lanchonetes da cidade, posso contar a vocês: estou empregada! Foi difícil, mas foi mais uma conquista na minha vida.

A dificuldade já começou na hora de fazer o currículo. Ia colocar mais o que alem do meu endereço, telefone e da escola que estudei? Tudo bem que tenho uma vasta experiência em administração financeira e contato com clientes, mas isso eu não poderia colocar de jeito nenhum! Se o cara perguntasse onde eu tinha trabalhado eu tava ferrada... e com certeza ele ia perguntar. Preferi me fazer da malandragem carioca, fazendo a tática da letra gigante e do espaçamento maior ainda. Quem olhava de primeira ate achava que eu tinha era muita coisa no currículo!

Currículo, foto 3X4 e pastinha na mão, lá fui eu pelas ruas de Salvador. Deixei em muitos lugares e ouvi muitos: qualquer coisa a gente te liga. Era quando eu tinha certeza de que não ia rolar nada, mas fazer o que né, pelo menos eu tinha tentado. Pois bem, estou eu em casa, quando o telefone toca. Corri para atender como uma louca, mas tentando mostrar tranqüilidade:

- Alo?!
- Alo, é a Dora?
- (eu não sabia se falava que sim ou que não, mas no susto, disse que sim.) sim, é a Dora, quem é?
- Oi Dora, aqui é a Fabiana, você deixou seu currículo aqui na loja na semana passada.
- Sim! Deixei.(não é que eles ligaram mesmo?!)
- Você pode vir aqui amanha as 9h para uma entrevista?

Nossa! Eu nem podia acreditar, minha primeira entrevista de emprego. Claro que eu disse que podia. E estava lá, no horário e local combinado, sem saber muito bem o que falar, mas estava. Quando chegou a minha vez eu quase morri, não sabia o que o cara ia perguntar, muito menos o que eu ia responder. Entrei.

- Oi Dora, boa tarde(naquela altura já era boa tarde, ou vocês estavam pensando que eu fui mesmo atendida as 9h?)
- Boa tarde
- Eu vi seu currículo, e resolvemos te chamar para conversar.
- (eu só balançava a cabeça, igual aqueles cachorrinhos que tem em carro sabe?)
- o que você pretende aqui na nossa empresa Dora?
Essa me matou. E ai, o que eu ia responder depois dessa? Resolvi falar a verdade:

- na verdade eu não sei ainda. Eu estou meio que me conhecendo sabe? Esse é o meu primeiro emprego, e eu confesso que ainda estou um pouco perdida com essa vida nova. Acabei de chegar do Rio, estou me adaptando aqui ainda, então é uma fase nova na minha vida. Com certeza uma fase definitiva e que vou dar tudo de mim, mas não sei dizer ainda o que espero desse emprego, até porque nem sei o que ele tem para me oferecer e em que podemos trocar.

O cara ficou olhando para a minha cara meio embabacado, me fez mais meia dúzia de perguntas idiotas e disse que qualquer coisa me ligavam. Eu pensei: perdi a chance! Meu Deus! Eu não era para ter dito aquilo, era para dizer que eu queria crescer no trabalho, que era muito importante para mim, que o meu defeito era ser perfeccionista, sei lá, qualquer coisa, menos aquilo. Mas fazer o que? Já tinha falado, só me restava pegar minha pastinha, colocar embaixo do ombro e continuar procurando. E aprender a não falar mais merda.

Dois dias depois o telefone toca denovo. Não é que era da loja? Isso mesmo, eu estava empregada. Nossa! Não acreditei, não estou acreditando até agora para falar a verdade. Começo na próxima segunda-feira. Não sei ainda o que estou sentindo, apesar de saber que é bom estar trabalhando e ganhar um dinheirinho, mesmo que seja pouco. Mas ao mesmo tempo fico com medo. Medo de não saber o que fazer, de ficar com vergonha, de ninguém gostar de mim.

Mas tenho certeza que vai passar, vai dar tudo certo, como está dando!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Então foi o Natal


Este Natal foi definitivamente diferente para mim. Longe da minha família, longe da minha casa, sem a minha melhor amiga, mas em paz e tentando pensar que é isso o que importa de verdade. Diferente, mas animado, na casa de mais uma nova família em Salvador, pessoas que eu nem conhecia, mas sei que gostam de mim e que aprendi rapidamente a gostar.

Essa é a época do ano que a gente repensa tudo o que viveu no ano que passou, faz novas promessas, vê na listinha do ano passado o que conseguiu fazer, bem, isso se ainda achar a listinha no meio da gaveta de calcinhas... guardei ali para não perder e quando fui procurar, cadê a danada da lista? Sumiu! Tem que se garantir na memória mesmo.

O ano de 2010 foi o pior e o melhor da minha curta vida. Pior porque muita coisa de ruim aconteceu, minha melhor amiga morreu, seus filhos ficaram ser ter para onde ir, eu passei a ser procurada e perseguida por um monte de vagabundos que dizem que protegem as pessoas, mas que só fazem botar terror. Fiquei sem chão. Mas foi o melhor porque conheci um monte de gente bacana que me ajudou muito. Voltei a acreditar na bondade das pessoas, consegui dar uma virada na minha vida, sai do Rio, estou em outro estado, procurando emprego e querendo voltar a estudar.

As promessas eu não lembro de todas, mas sei que quase nenhuma eu cumpri. Não parei de comer doce, não emagreci e não foi nesse ano que fiquei gostosa como a Ivete Sangalo, quem sabe em 2011, mais pertinho dela, aqui na Bahia, eu não consiga? Só sei que a grande mudança que vou fazer no próximo ano é o fim das promessas, vou deixar o ano correr como deve ser, querendo sempre o melhor, sempre, mas nada de papeis que se perdem na gaveta de calcinhas. Esse ano é o ano das soluções, não das promessas impossíveis que nunca consigo cumprir. Que venha 2011!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Terça-feira

Terça-feira, eu aqui de boréstia, como diria minha mãe, e penso: vou escrever um texto para o blog. 
Horas e horas a fio e nada, não adianta, não vem nada na cabeça. Me pergunto: mas como meu Deus? Como não ter nada a dizer? Tem tantas coisas acontecendo: é fim de ano, amigo oculto, morar em uma cidade nova nessa época do ano pode não ter sido uma boa escolha, por falar nisso... opa, eu mesmo estou morando em uma cidade nova, Salvador, gente bonita pelas ruas, ruas cheias e eu nada de ter um assunto para falar.

Em meio a toda essa confusão, lembrei que já li alguma vez na vida um texto sobre isso. Nosso momento é de tanta informação, de tanta facilidade para a informação que acabamos ficando mal informados, ou mal formados, como preferirem. A gente lê tanta coisa, jornal, livro, revista, que muitas vezes 5 minutos depois nem sabemos mais do que o tal texto estava falando. E é aí que me pergunto: qual o verdadeiro papel da informação nos dias de hoje? Pra que ela serve? E mais, do que adianta buscar loucamente por notícias e procurar saber de tudo, se tudo muda na velocidade da luz?

Perguntas difíceis de responder ou para alguns até mesmo perguntas sem sentido, mas tenho certeza de que alguém ai vai sentir a mesma angústia que estou sentindo. Tudo bem se não quiserem pensar em muita coisa, afinal, é fim de ano e estou mesmo é louca para chegar a hora da ceia e atacar a rabanada. 

A melhor saída se encontrar alguém e não souber sobre o que conversar é puxar o assunto que pelo jeito vai ser útil em quase todas as regiões do país nessa época, e que quase todo mundo tem que uma história para contar, a velha e boa tática do: “ tá calor, ?” e aí é só esperar a resposta... acho que o próximo texto do blog vai ser sobre isso inclusive!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Bahia: ai vou eu!

Domingão de sol, Rio de Janeiro. Mala arrumada, banho tomado e uma vida inteira(de pouco tempo, admito) sendo deixada pra trás. A sensação que eu tenho é muito estranha na verdade. Ao mesmo tempo em que fico muito feliz por deixar tudo isso e caminhar rumo a uma vida de mais liberdade, fico um pouco triste por deixar o lugar que morei durante tanto tempo. Tive muita tristeza no Rio de Janeiro, mas também tive alegrias de montão. Curti, zuei, aproveitei tudo o que a cidade maravilhosa tinha para me dar, talvez tenha aproveitado até demais. Tive muitas desilusões aqui, mas também muitas ilusões que não deveriam ter passado nunca. A ilusão do primeiro amor, de uma vida melhor, de poder oferecer alguma coisa para a minha família, enfim, muita coisa que eu continuo sonhando e que ainda não desisti.

No Rio eu vivi as melhores e as piores fases da minha vida. Conheci muita coisa boa, mas muita coisa ruim também. Vi meninas novas, muito novas, trocando suas vidas, seus corpos por R$ 2, R$ 3, às vezes apenas por drogas, para sustentar seus vícios.  Eu também me aproveitava disso, por isso me sinto culpada também. Às vezes até mais culpada do que os meninos da boca, às vezes menos culpada. Às vezes acho que sou um pouco de vitima da vida que eu levava, mas a culpa não sai de mim em momento nenhum, a verdade é essa.

Quando a minha melhor amiga, uma boqueteira chamada Eva, foi assassinada, parecia que meu mundo tinha acabado. Não tinha pra onde ir, não tinha dinheiro, os filhos dela tinham ficado órfãos e tudo o que eu mais queria era um buraco para me enfiar e não sair dali nunca mais. Foi na pior fase da minha vida que conheci as pessoas que mais me ajudaram e foi também quando eu voltei a acreditar no ser humano.  Fui morar na casa de uma amiga minha e vi pessoas que nem me conheciam fazendo de tudo para me ajudar, se virando nos 30 para me dar oportunidades. De continuar viva e pensando em o que podiam fazer para me salvar, acho que salvar é a palavra certa mesmo, pois é exatamente o que eu precisava naquele momento. Consegui. Comecei a fazer análise com um psicólogo, ganhei computador, acesso a internet, até twitter eu tenho agora, e muita gente lê o meu blog, quem diria! Quero agradecer mais uma vez a todo mundo que me ajudou, meus verdadeiros amigos, obrigada mais uma vez.

Mas agora é hora de secar as lágrimas, e aproveitar essa cidade incrível. Aqui eu poderei trabalhar, estudar e ter uma vida normal. É o meu refugio. Quem sabe um dia não volto para o Rio, junto todo mundo e fazemos uma grande festa para relembrar os velhos tempos? Quem sabe um dia...


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Está chegando a hora...

"...é hora de partir, me dá uma dor no peito, ter que ir embora e te deixar aqui... "
Por algum acaso dessa vida de meu Deus, achei hoje na casa que estou morando (ainda!) uma fita cassete sem capa nem nada, mas resolvi colocar para escutar. Era um mix de várias músicas dos anos 90, eu acho, e a primeira música era essa. Lembrei logo da minha infância, já dancei muito essa música, quem cantava era o Terra Samba, o mesmo grupo daquele do “nada mal, curtir o terra samba não é nada mallll, que legal é so entrar no clima e liberar gerallll” e eu liberava geral mesmo, fazendo aquele passinho com a mão pra frente, indo pra um lado e pro outro.

Mas hoje, essa música me fez pensar em muito mais do que minha infância e toda a diversão que isso trazia. Me fez pensar que realmente está chegando a hora, a hora de partir. 
Como alguns de vocês já sabem, estou partindo domingo para Salvador, morar na casa de uma nova amiga, buscando uma nova vida, novos caminhos, novas oportunidades e também a liberdade que eu não tô conseguindo ter aqui. Estou realmente muito animada e acreditando que tudo vai dar certo e que uma nova fase começa. 

Amigos (e aqui vale qualquer tipo de amigo, os que me acompanham de perto, os que só passam pelo blog de vez em quando, os que me ajudam e me tiraram do fundo do poço, ou até mesmo aqueles que estão aqui pela primeira vez), sei que fiquei um tempinho longe de vocês, mas já peço perdão. Eu tentava escrever mas não saía, pedi ajuda no twitter e nada... ainda bem que teve o Terra Samba para me ajudar! 
Mas o que quero dizer é que, não me abandonem porque vou para Salvador, não. Vou continuar aqui, sempre e quando não for tanto assim, puxem a minha orelha, porque assumo que às vezes eu preciso.

Por último, mas não menos importante, agradeço a todo mundo que me ajudou, ajuda e vai continuar me ajudando. Sem vocês, com certeza eu não estaria aqui.

Vida que segue...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Eu e meu psicólogo II


O dia amanheceu, eu pulei da cama e percebi que estava chovendo, mais um feriado chegando e São Pedro parecendo que tá de sacanagem com todo mundo. Segunda feira, um calorão daqueles que não da pra sair de casa, agora chegando um feriado longo (mais um!), chove. Beleza, a vida segue. Eu acordo, pulo da cama, visto meu disfarce meio mulher gato meio mendiga e caio direto no batmóvel que me leva duas vezes por semana ao meu lugar preferido nessas últimas semanas: um consultório simples mas aconchegante que me sinto no paraíso e no inferno ao mesmo tempo, e onde encontro uma pessoa muito importante na minha vida, que aqui eu chamo de Dr. Mauricio.

Pois bem, a rotina de sempre ele estende a mão, eu aperto, ele me pergunta como eu estou me sentindo hoje e eu digo que estou bem, mas está escrito na minha cara que não tô tão bem assim. 

Antes mesmo de começar eu falo: 

- Dr. Mauricio, eu queria te falar uma coisa, porque tô me sentindo mau e presa com tudo isso. 

E ele diz: 

- Sim Dora, pode falar sobre o que você quiser. 

E eu digo: 

- Doutor, eu tenho que te contar que menti quando o senhor me perguntou como foi a minha infância e adolescência. 

Ele fez uma cara meio de assustado, mas menos do que eu imaginava. Era como se ele quisesse me dizer: e daí minha filha? Ou ainda: eu já sabia. Mas não disse nada, acho que estava esperando eu continuar. E eu continuei: 

- Doutor, eu não tomava conta de bebê fora da favela, mas era o que eu dizia para a minha mãe mesmo. Meu irmão também não vendia bala no trem não. 

Eu travei, não conseguia falar mais nada, ai ele perguntou: 

- Mas sim, e vocês faziam o quê? 

- Ele, meu irmão, estava era entrando no tráfico, no mesmo tráfico que ia tirar a vida dele depois. 

Disse isso e não falei mais nada, fingi que não entendi que ele também perguntou de mim. Mas ele estava danado pra perguntar hoje, e não deixou passar batido, não. 

- Dora, você quer falar sobre o seu irmão? 

E eu quieta, como quem não quer nada. Ele desistiu de falar sobre o meu irmão e começou a mirar em mim. Foi pior ainda. Ele mandou assim: 

- Dora, e você, o que você fazia se não era babá? 

Eu gelei, mas não podia mentir de novo. Fiquei uns dez segundos parada, mas pra mim parecia uma eternidade. Ele ficou me olhando durante esse tempo e várias coisas passando pela minha cabeça. Pensei, pensei, pensei e respondi: 

- Eu trabalhava com umas meninas que trabalhavam com os garotos da boca. 

E ele: 

- Como assim Dora? Me explica melhor.

- Bem doutor, eu trabalhava para as meninas que faziam uns agrados nos meninos da boca, nos falcões, como a gente chamava. 

E soltei um sorrisinho sem graça, porque sabia que ele ia continuar perguntando, então falei antes que ele perguntasse: 

- Bem doutor, eu pegava e guardava o dinheiro que elas recebiam porque faziam coisa com ele, coisa com a boca, sabe? Ai! Bo... boque... boqueti doutor, era isso que elas faziam, boqueti nos meninos. 

Ele ficou me olhando um tempo, acho que queria entender como seria isso tudo e perguntou: 

- Mas você só pegava o dinheiro Dora? Você participava também? 

E eu: 

- Não doutor, eu nunca participei nem fiz nada com os meninos na minha vida, só ajudava as garotas mesmo. A que eu mais fiquei de tempo foi a Eva, que era uma grande amiga minha. Coitada, ela se envolveu com droga, só droga pesada mesmo, e precisava de dinheiro, muitas vezes fazia o trabalho por um pó, ou maconha, mas aí, eu não me metia, eles davam a droga direto para ela mesmo. 

Essa consulta foi longa e tenho certeza que ainda vai durar um tempo com o Dr. Mauricio. Depois de falar isso, eu não quis mais dizer nada, só queria ir embora de novo. Levantei, vesti minha roupa de mulher gato com toque de mendiga, entrei no batmóvel e voltei para a casa da X. 

Por enquanto acabou, mas daqui a pouco tempo vou ter que voltar nesse assunto de novo, que é o meu mundo real, né? Mesmo que seja passado. 
Tenho certeza que isso vai me ajudar de alguma forma a continuar vivendo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Olá a todos,

Sei que ando meio sumida e peço desculpas por isso. 

Esses dias foram bastante difíceis para mim, toda a sensação e fé de que tudo daria certo caíram por terra. Se me perguntarem porque eu não sei responder, não sei se foram as lembranças, a saudade de muitas pessoas queridas que estão distante, a falta de dinheiro e a consciência de que estou vivendo de favor em uma casa que não consigo comprar nada, ou até mesmo o tempo. Porque o sol me deixa triste pela vontade de ir a praia e a chuva me deixa triste por que chuva deixa qualquer um triste mesmo, não precisa acontecer tragédia, parece que uma melancolia toma conta de mim em dias nublados. Só eu sou assim?

Bem, o importante é que fazendo chuva ou sol meus dias tem sido dessa forma. Se limitando a pensar e me perguntar: será que isso um dia vai acabar? 

A X. minha grande amiga e irmã, que estou na casa dela, já me ajudou muito como sempre. Me disse palavras de conforto e de carinho, dizendo que a vida é assim mesmo e que, às vezes, coisas ruins acontecem com pessoas boas. 

Tudo bem que no meu caso eu até assumo que não fui tão boa assim. Cometi erros sim, dos quais me arrependo muito. Vi, estava presente em muitas coisas que hoje percebo que não deveria estar. Mesmo que eu nunca tenha participado dos atos, sei que o que fiz está errado. 
Mas na época não pensava tanto assim. Primeiro por causa da necessidade, claro, de ter algum dinheiro. Depois eu acho que por causa da idade. Comecei nisso muito nova, e quando a gente é nova não avalia muito bem as coisas, é como se tudo valesse a pena.

Nesses dias, eu tenho me perguntado muito sobre a principal justificativa que uso quando conto o que fazia, a necessidade. Porque esse é o motivo que todo mundo que mora em favela e se mete em coisa errada diz. Que precisava, que não teve oportunidade. Tudo bem, eu realmente precisava. Mas será que não poderia tomar conta de crianças, como falava para a minha mãe? Será que meu irmão não poderia vender bala no trem, como também mentia para a minha mãe? Tudo isso tem me doído muito esses dias.

Vale uma sessão com o Dr. Maurício. Quem quiser analisar, como ele, fique a vontade.